sexta-feira, 1 de maio de 2009

o padre que escondeu o ouro

Era por volta do ano de 1756, as reduções jesuíticas que catequizavam índios guaranis no Rio Grande do Sul eram ameaçadas pela invasão dos soldados portugueses. Os padres jesuítas, que residiam ali com permissão da Espanha, realizavam um trabalho de evangelização dos povos guaranis. Sentindo a ameaça da invasão portuguesa, os padres decidiram esconder parte do seu ouro que haviam acumulado nos longos anos de trabalho nas missões jesuíticas.
Retiraram o ouro que estava escondido dentro de estátuas de santos, que em Minas Gerais ficaram conhecidos como “santo do pau-oco”, e incumbiram o padre José de levá-lo para um lugar seguro, que ficava numa missão jesuítica no Paraguai. Partiram em dois cavalos: padre José e o índio Juacy, carregando uma pequena riqueza em ouro. A partida foi anunciada pelo sino imponente no alto da torre. Dizem que os sinos das reduções jesuíticas eram tão fortes, que era possível se comunicar entre todas as reduções jesuíticas do Sul. Antes da partida, os dois foram abençoados pelo valente guerreiro Sepé Tiarajú, que segundo a lenda, dizem ter uma estrela brilhante na testa. Sepé acabou morrendo na batalha contra os portugueses, defendendo o povo guarani. Morreu gritando: “Esta terra tem dono!”
Os dois viajantes seguiram em trilhas indígenas que cortavam o Noroeste gaúcho, atravessavam o Rio Uruguai na região de Mondaí, seguiam pelo oeste catarinense e paranaense e terminavam em território paraguaio. Na travessia do Rio Uruguai acabaram perdendo um cavalo, levado pelas águas. Por sorte, o ouro estava no cavalo mais forte. A jornada era difícil, a maioria das picadas estavam abandonadas, e os animais selvagens eram uma ameaça.
A certa altura da viagem ocorreu o ataque de uma onça faminta, que acabou matando o jovem índio Juacy. O cavalo, também ferido, teve de ser abandonado. Restou ao padre José seguir a jornada com o ouro, motivado pela fé e pela causa jesuítica. Descansou na altura da nascente de um riacho, num local sempre utilizado por viajantes para o descanso da tropa.
Depois de carregar o ouro por um longo percurso, o padre José sabia que não iria terminar sua jornada, estava exausto. Decidiu escondê-lo e tentar assim chegar a seu destino. Queria ser lembrado como o padre que escondeu o ouro, não como aquele que o perdeu. Escolheu um lugar misterioso. Naquele dia, ou por mera coincidência ou por ação dos espíritos guaranis, o sol refletiu na parede rochosa a face de um índio, que pode ser avistada ainda hoje no solstício de inverno e de verão.
No momento em que enterrou o ouro, o padre estava num estado de transe tão profundo que todas as almas dos povos indígenas das missões se fizeram presentes. Aqueles povos, ricos de alma e de cultura, então dizimados pela violência, escolheram um lugar propício para aquele tesouro. O tesouro enterrado representa a riqueza da cultura Guarani dos Sete Povos das Missões.
A alma de uma criança Guarani foi incumbida de proteger aquele tesouro. Dizem as bocas do povo, de que aquela criança vaga pelas matas e chora durante a noite. Somente pessoas puras e sinceras podem escutar este choro, o qual representa uma pista para o tesouro Guarani. Esta misteriosa alma foi chamada de “Baixinho” e pode ser ouvida no Sítio Roncador, no interior do município de Paraíso. Diz a lenda de que aquela alma está presa ao tesouro, esperando que alguém capacitado o bastante a apareça para libertá-la.
Para quem quiser conhecer, deve conhecer o Sítio Roncador na época de inverno ou verão, para perceber o rosto indígena emoldurado nas rochas. Quem sabe você não escuta o “Baixinho” a chorar e encontra o tesouro escondido?
Jamais se teve notícias do padre José.

3 comentários:

Anônimo disse...

Será que história não interessa mais? Não só existe essa história de "santo de pau-oco". Essa é interessante porque envolvem duas potencias Espanha que faz vista grossa com os Jesuítas do Brasil e os portugueses que levam os "Santos" ocos para benze-los, tornando santos quando voltassem com livros proibidos.

Antonio Cordeiro de Melo disse...

O extrativismo do mineral, ouro do Brasil é bastante conhecida. Não só os jesuítas levavam o nosso ouro. O que diferenciava era a metodologia. Os políticos do rei levavam por vias legais. O clero por "santos de pau-oco". Poucos jovens brasileiros aspiram saber isto.

Unknown disse...

ola amigos poderiam me passar o mapa sou um admirador gostaria de conhecer o local