segunda-feira, 20 de outubro de 2008

CONVERSA DE PROFESSOR

Trabalho na disciplina de História e através de leituras e experiências, constantemente revejo meus conceitos, não somente sobre a minha disciplina, mas também sobre a educação de maneira geral.

Quando saí da faculdade possuía fortes tendências marxistas, de valorizar a história social e de forma alguma valorizar indivíduos. Tinha uma falsa concepção de que valorizar os indivíduos era criar heróis, que subordinavam ou dominavam as massas. Triste engano.

Hoje percebo que a sociedade é composta de pessoas que possuem uma mentalidade no sentido do que Nietzsche chamou de “espírito de rebanho”. Ou seja, se destacam em poucas coisas, ou até mesmo em quase nada, e fazem exatamente as mesmas coisas que a grande maioria as pessoas faz.

Hoje tenho a concepção de que é necessário valorizar sim a história dos indivíduos. Porque alguns indivíduos possuem um espírito empreendedor, um espírito de liderança e inovação que a grande maioria não tem. E foram justamente estas pessoas singulares, que foram o diferencial no passado e continuam fazendo a diferença no presente. O que dizer de Leonardo da Vinci, Gandhi, Santos Dumont, Galileu Galilei, Nelson Mandela, e tants outros que sonharam e buscaram um estilo de vida diferente da maioria das pessoas de seu tempo?

Assim, no cotidiano da escola temos alunos que fazem a diferença e temos alunos, a grande maioria por sinal, que fazem parte da massa. Acredito que reside aí uma das funções mais importantes da educação: despertar nos indivíduos o potencial inovador, empreendedor e criativo que reside dentro de cada pessoa. Tarefa difícil essa, não?

Não distorçam minhas palavras: não estou falando para as pessoas se tornarem solitárias e individualistas, muito pelo contrário, anseio pela vida social e comunitária. O que quero dizer, é que é preciso valorizar o potencial do indivíduo, valorizar as pessoas que fazem a diferença.

O que se percebe hoje é que, o ser diferente é uma criação do mercado de consumo e o estar diferente, significa ter um tênis, uma roupa ou carro inigualável. Estamos diferentes por fora e estamos totalmente iguais por dentro, porque pensamos de forma idêntica. Pensamos da forma como o mercado quer que a gente pense. Sinceramente, me preocupo com essa geração que estamos criando, e não falo dos meus alunos, falo de nós mesmos, porque fazemos parte deste mundo.

Quantos professores são inovadores, são criativos e são criadores? Procura-se professores que saibam criar possibilidades, que inventem, que desconstruam e reconstruam. Mero exagero o meu? Então professor, estou exagerando?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

CONVERSA DE PROFESSOR

Correntemente se houve dizer que faltam oportunidades de diversão para os jovens de nossa região. Essas palavras desmedidas são ainda mais comuns em épocas de campanha política. Muito bem, será que faltam mesmo oportunidades de recreação para os jovens de região? Será que os jovens de São Paulo ou do Rio de Janeiro tem mais oportunidades?

Creio que não, porque recentemente o grupo de teatro de Itapiranga teve que fechar suas portas, primeiro porque havia pouco incentivo financeiro, segundo porque poucos jovens buscavam o teatro como uma alternativa de recreação.

Creio que não, porque na nossa região temos uma natureza farta, aspecto importante para a prática de esportes saudáveis como a caminhada de aventura e a escalada, por exemplo.

Creio que não, porque por aqui temos aulas de violão, canto, teclado, flauta e tantos outros instrumentos musicais. No entanto, para a grande maioria dos jovens a música se resume a graves eletrônicos (techno), ou a melodias simples do funk estilo créu.

Creio que não, porque na região temos inúmeros esportes como voleibol, ciclismo, futebol, handebol... no entanto, vê-se poucos jovens praticando algum esporte no fim dê semana. O que se vê, são jovens cheios de vida, esbanjando do ócio.

Creio que não, porque temos inúmeras bibliotecas abarrotadas de livros, e, no entanto, são raros os jovens com que se possa debater algum autor ou sugerir algum livro. Pouquíssimos os jovens que enxergam a leitura como um lazer.

Por isso, quero dedicar um espaço de texto a uma pessoa muito especial. Não que eu não tenha o que dizer, mas porque o que quis dizer deve ser completado, pelo que ele, Charlie Chaplin, disse certa vez:

“Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter o hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.”
Portanto, jovens estudantes e jovens professores, não reclamem pelas faltas de oportunidades que nós teimamos muitas vezes em não enxergar.