segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Histórias do velhoe oeste: Guarany de Beato Roque venceu em casa



Em mais uma rodada pelo campeonato municipal de 1984 o Guarani enfrentou a equipe do Cruzeiro de Conceição, e venceu pelo placar de 1x0. No decorrer dos 45 minutos iniciais as duas equipes não conseguiram apresentar um bom futebol. A equipe do Guarani sentiu a ausência de dois importantes jogadores, Mino e Laci. Nos primeiros minutos de partida o jogador Mino lesionou-se e Laci não teve condições de disputar esta partida.
Na etapa complementar a equipe do Guarani voltou com mais disposição no ataque e partiu para decidir a partida a seu favor. O Cruzeiro realizou vários contra-ataques, que levaram perigo à meta do goleiro do Guarani, Ari Melz.
Aos vinte minutos a equipe do Guarani atacou pela direita e Pedrinho aproveitando a confusão na área do Cruzeiro bateu forte, sem chances para o arqueiro do Cruzeiro, decretando assim o único gol da partida. O nível disciplinar, de ambas as equipes, foi excelente. Partidas como essas elevam o nível do campeonato municipal. O árbitro da partida foi Ignácio Kappes. Levaram cartão amarelo nesta partida Arno Gesing e Pedro Klaus do Guarany, Inácio Juchen do Cruzeiro.
A equipe do Guarani no municipal de 1984 era composta por Laci, Mûller, José Heckler, Valdir Rohr, Ari, Celso, Kiko, Arno, Nuna, Ênio, José Schwertz, Célio, Mino, Valdir Weis e Pedrinho.
Resultados do Campeonato Municipal de 1984:
2ª Divisão:
Estrela de Pitangueira 1x1 Sete de Setembro, com gols de Aílson Winck e Olávio Kunst, com cartão amarelo para Inácio Leissmann, com cartão vermelho para Leonardo Vogt e Édio Reinehr, com arbitragem de João Fernandes Alves.
Palmeiras de Medianeira 2x0 Cinquentenário, com gols de João Herenbrint e Arnildo Kemper, com arbitragem Nolar João Griebler.
1ª Divisão:
Sumaré 2x3 América, com gols de Roberto Zanzi pelo Sumaré e José da Luz e Dário Kaiser pelo América, com cartão amarelo para João Engel e Tarcísio Ternus, com arbitragem de Adolar Antônio Mallmann.
Dourado 0x1 São José de Cristo Rei, com gol de Valmir Grasel, o árbitro da partida foi Olívio Jesus de Barros.
Colégio Agrícola 0x1 Palmeiras de Baú. Com gol de Afonso Garcia. Levaram cartão amarelo Erni Karal e Albino Werlang, a arbitragem ficou por conta de Estevão Miguel Tepe.
Publicado no Jornal Vale do Uruguai de 03 de Março de 1984.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Isabel, a mulher que desafiou Deus e todo mundo.

O convívio entre os alunos do Colégio São Vicente misturava alunos leigos com as juvenistas. Isabel convivia maior parte do seu tempo com as colegas juvenistas, com as quais tinha uma relação mais íntima, pois representavam sua família naquele momento. Entre as juvenistas existia uma relação de cumplicidade e solidariedade, pois ambas tinham basicamente as mesmas necessidades. Mas isto não impedia o fato de existirem algumas juvenistas que atuavam como uma espécie de olheiras das freiras coordenadoras do colégio. Estas meninas olheiras prestavam atenção à tudo que acontecia na escola e levavam todas as fofocas para a direção da escola.
Certo dia, estavam reunidos no pátio da escola um grupo de alunos, entre os quais estava Isabel. Os meninos da vila de Itapiranga falavam de uma grande atração que havia acontecido na cidade de Itapiranga, no dia anterior, mais precisamente no dia 13 de Março de 1966. Uma atividade esportiva promovida pela Sociedade Ginástica de Tenente Portela que ocorreu na Sociedade Sete de Setembro e trouxe para Itapiranga uma grande novidade para a época, sendo nada mais e nada menos que uma luta de boxe. O evento causou grande impacto na juventude itapiranguense, principalmente entre a gurizada, que estava eufórica com um tal de ex-campeão dos pesos pesados, mais conhecido como Águia Voadora.
Durante toda a semana a gurizada ensaiava como forma de brincadeira os golpes e movimentos apresentados no evento da Sociedade Sete de Setembro. É evidente que aqueles movimentos que pareciam ser violentos, mas que não passavam de uma brincadeira de garotos entusiasmados chamou a atenção das freiras que logo foram advertidas de possíveis brigas no recreio. Claro que todos os envolvidos foram chamados pela direção que proibiu tais atos no pátio da escola.
Aliás, não se pode pensar que o ambiente do Colégio São Vicente era por demais tranqüilo por se tratar de um colégio de freiras, e não em poucos momentos aconteciam brigas entre a gurizada do interior com os da vila de Itapiranga. Mas estes momentos de violência eram reprimidos severamente pela direção da escola, com castigos que não poucas vezes exigiam a vinda dos pais dos alunos à escola.
Outro motivo que causava muito alarde no ambiente escolar eram os namoricos entre os alunos, e ainda mais grave, se estes namoricos envolvessem as juvenistas. Os tais namoricos aconteciam nos corredores da escola, atrás das portas, na lavanderia, nos fundos da escola, em qualquer que lugar que fugisse ao olhar atento das freiras. Nesse aspecto era efetivo o papel das olheiras, aquelas alunas que deduravam todos aqueles que infringiam às regras disciplinares.
Certa vez Isabel e suas colegas de equipe de trabalho estavam encarregadas de cuidar da limpeza da sacristia da Igreja Matriz. Juntas elas decidiram fazer a tarefa mal feita para que pudessem se divertir no Gremupi. Não demorou para que o delito chegasse até os ouvidos da direção da escola, e o castigo não demorou para chegar: proibidas de freqüentar ambientes sociais, e ficarem enclausuradas na escola por uma semana.

Reunião da diretoria de Sociedade em Popi
Marcada pelo Padre Vigário, está para o dia 27 de Março, uma reunião de todas as diretorias de sociedades da Paróquia São Pedro Canísio. O conclave deverá ter lugar na localidade de Popi, devendo ser tratados assuntos de importância. Segundo afirmações de certos elementos inclusive falar-se-ia na duração dos bailes. Espera-se que dessa reunião resultem medidas que contribuam para o são divertimento da Juventude e dos mais velhos.
Jornal Oeste em Marcha, 26 de Março de 1966.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Histórias do Velho Oeste


Havia uma Isabel em cada uma destas meninas.







Isabel a mulher que desafiou Deus e todo mundo.

Obedecei mais aos que ensinam
Do que aos que mandam
Santo Agostinho

Outra experiência dolorosa atingiu a vida de Isabel. Havia uma pessoa que amedrontava a maioria das crianças da época: o professor. Esta personalidade forte, marcante na vida comunitária, de moral inviolável, era vista pelos seus alunos como algo que não podia, de forma alguma, ser contrariado ou desobedecido. Para além do saudosismo, é preciso assumir que o professor era extremamente autoritário e temido, longe dos padrões atuais. Era essa a concepção de professor para a época até o dia em que uma menina decidiu fazer o contrário.
Era um daqueles dias insuportáveis de verão. Todos os dias a mesma rotina iniciava na escola com uma aula de ensino religioso. Nessa aula, os alunos aprendiam o catecismo, liam o evangelho, cantavam músicas sacras e rezavam. Antes de iniciar a aula, o professor fez uma promessa que entusiasmou os alunos:
- Hoje nós vamos fazer uma atividade diferente. Vamos sair da sala de aula para ter contato com a natureza.
Aquela possibilidade entusiasmou a todos. O que será que iríamos fazer? Para onde iríamos? Tomar um banho na cachoeira perto da escola era o desejo de todos, mas todos sabiam que esse era um desejo impossível de se concretizar.
- Muito bem, primeiro nós temos que ver quem de vocês decorou o “Creio em Deus Pai”, porque quem não decorou irá ficar de castigo na sala – alertou o professor.
Depois da primeira aula de orientações religiosas, o ânimo estava exaltado entre as crianças. Para elas era algo formidável abandonar aqueles assentos desconfortáveis e fugir do calor insuportável da sala de aula.
- Muito bem alunos, hoje nós vamos ter uma aula importante para a vida de vocês. Quando crescerem, vocês terão que ser católicos fervorosos e acima de tudo, terão que ser homens e mulheres que preguem os valores da família e do trabalho árduo. Por isso, hoje todos vocês vão trabalhar nesta plantação de milho.
Aquela notícia deixou Isabel atordoada. Era essa a aula ao ar livre? Ela desejava tocar a água, desejava ter lições sobre espécies de árvores, conhecer animais, ver o voar dos pássaros e descobrir os mistérios da natureza. Mas trabalhar na plantação de milho? Ainda mais no milho que pertencia a roça do próprio professor?
Ao sinal de ordem do professor, todos os colegas de Isabel se puseram a arrancar o inço que infestava aquela plantação de milho. Até mesmo o pequeno Joaquim, de família nobre, que jamais havia trabalhado numa tarefa tão árdua, estava empenhado na atividade. Isabel ficava observando as mãos calejadas de seus colegas, seus corpos já eram a expressão de uma vida sofrida, até mesmo nessa idade.
Quando o professor percebeu que Isabel não estava trabalhando, chamou a sua atenção com uma voz rude. Isabel ficou ali parada, decepcionada, mas também indignada. Uma força maior a impedia de não obedecer às ordens do professor.
- É assim menina? Como você ousa desobedecer a seu professor? Você não vai trabalhar, então terás o castigo que merece. Primeiro despejou uma série de palmadas em Isabel, e em seguida, a prendeu de uma capunga – patente no vocabulário popular, espécie de fossa onde as pessoas faziam suas necessidades fisiológicas. Quando fechou a porta o professor ao longe ainda advertiu:
- Se prepare menina, pois amanhã teu pai vai vir para escola.
Aquele lugar possuía um odor fétido. Trancada ali no escuro, Isabel se pôs a chorar. Em momento algum se arrependia por tal ato de indisciplina, e sabia que iria pagar caro por isso. Isabel ficou trancada ali por mais de ma hora.
Do lado de fora, todos os seus colegas trabalhavam assustados com medo de receberam o mesmo castigo. Joaquim, não conseguia se conformar em aceitar tal situação.
- Você é mesmo um medroso, não é Joaquim. A Isabel presa naquele lugar imundo, e você aqui sem coragem para reagir? Aquela mesma menina que dias atrás o veio tirar das cordas e te mostrou a liberdade – pensava ele consigo.
Depois do castigo, Isabel foi obrigada a sentar no fundo da sala, isolada pelo fedor que exalava de seu corpo. A pequena menina sentiu a pressão moral do professor e a indiferença de grande parte de seus colegas. Mas ela sabia que havia lutado por uma causa justa. Seu orgulho alimentava o sentimento de que era necessário o esforço pessoal por uma causa coletiva. A partir daquele dia, o professor nunca mais forçou os alunos a fazer tal atividade. Seu sentimento humanitário estava ferido, e a culpa por ter imposto um castigo tão cruel a essa pobre menina o atordoava.
Na semana seguinte, a turma de Isabel fez um novo passeio, agora para conhecer a cachoeira que jorrava no riacho perto da escola. Era mais uma vitória.
Depois de o pai ir para a escola, Isabel sentiu a dor física de seu ato: uma surra tremenda, que deixou marcas nas coxas de Isabel. Além das marcas físicas, as marcas sentimentais...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

São Paulo é campeão brasileiro de 1986

Otávio e o GRENAL do século


Momento em que Nilson marcou o gol


Otávio era um jovem morador da comunidade de Santo Antônio, e sua maior paixão era o Internacional de Porto Alegre. Otávio estava grudado em seu rádio ouvindo a partida de futebol que iria entrar para a história. Entrou para a história porque se tratava de um Grenal diferenciado, pois o Grêmio e o Internacional disputavam a semifinal de uma partida do Campeonato Brasileiro de 1988, e além disso, Otávio era torcedor fanático do colorado, e como toda a nação colorada, tinha na garganta a perda do Campeonato Gaúcho daquele ano, e vencer o Grêmio era uma questão de honra.
Naquele dia Otávio havia sintonizado seu rádio, e na voz do radialista Armindo Antônio Ranzolin, ouviu o desfecho desta partida. Era o dia 12 de Fevereiro de 1988, e o Estádio Beiro Rio estava lotado com 78.083 torcedores. Pelo rádio, Otávio escutou a escalação do Inter: Taffarel; Luis Carlos Winck, Aguirregaray, Nenê e Casemiro; Norberto, Leomir e Luis Carlos; Maurício, Nílson e Edu. O Grêmio Porto Alegrense iniciou a partida com o seguinte plantel: Mazarópi, Alfinete, Trasante, Luis Eduardo, Airton, Bonamigo, Cuca, Cristóvão, Jorginho, Marcos Vinicius e Jorge Veras.
O árbitro Arnaldo César Coelho apitou o início da partida. As duas torcidas estavam silenciosas, pois ambas, apesar de confiarem no seu time, respeitavam a grandiosidade do adversário. Aos 25 minutos do primeiro tempo, Otávio e toda a nação colorada foram desferidos com um duro golpe: Marcus Vinícius do Grêmio abriu o placar para os tricolores. O resultado classificava o Grêmio, e o sofrimento colorado ficou ainda maior com a expulsão do lateral Casemiro.
Terminado o primeiro tempo, o jovem Otávio estava visivelmente transtornado, faltando pouco para rachar seu rádio contra a parede. Seu nervosismo ficou ainda maior quando a rádio anunciou que o técnico Abel havia mexido no time, tirando o volante Leomir e adiantando o time com o atacante uruguaio Diego Aguirre. No rádio ouviu-se a voz do técnico Abel gritando para os jogadores: “Vocês fizeram esta porcaria, voltem lá e resolvam.”
Aos 16 minutos do segundo tempo, com um gol de cabeça do atacante Nílson. Fato curioso é que, naquele dia Nílson estava lesionado no pé direito, e para enganar a zaga gremista, enfaixou o pé esquerdo. Por ironia do destino, Nílson faria o gol da virada colorada com o pé direito. Ao fazer o segundo gol da virada,
A certa altura do segundo tempo,o colorado Maurício escapa pela direita, dribla dois colorados gremistas e chuta, a bola passa pelo goleiro, e aparenta estar perdida pela linha de fundo. De surpresa aparece o atacante Nílson e escora para o gol. Na comemoração, Nilson ajoelhou-se junto a bandeira de escanteio, o locutor do rádio gritou em alto e bom tom: “Nílson não perdoa, mata!”


Depois do segundo gol Otávio pulou de alegria em sua casa. A sua paixão pelo colorado era tão forte que o deixava completamente transtornado ao ouvir as partidas de futebol pelo rádio. Mas apesar da vitória no Grenal na semifinal, o Inter acabou perdendo o título brasileiro de 1988 para o Bahia.