segunda-feira, 28 de abril de 2008

O que o ciclismo pode nos ensinar

Esta postagem é minha homenagem a esse esporte espetacular, que pode ensinar muito para nosos alunos e até mesmo para nós professores. Ele pode nos trazer algo que nos falta atualmente: persistência, dedicação, disciplina. Veja a opinião do ciclista Luciano Pagliarini e o vídeo sobre esse esporte apaixonante: o ciclismo.

A estrada e eu
O ciclismo é um dos esportes mais duros do mundo, quem o pratica ou praticou sabe do que estou falando. Um esporte aonde nada vem por acaso. Muita dedicação, sacrifício e determinação são apenas o início para se obter algum resultado, um mundo onde os talentosos são privilegiados e os preguiçosos não tem vez, são literalmente esmagados pela concorrência. É necessário muito trabalho, atitude mental positiva, persistência, entusiasmo, criatividade, ousadia, colaboração e humildade. Resultados nesse mundo são reflexo de muito empenho, me refiro a meses de duro trabalho, treinamentos muitas vezes desumanos, temperaturas extremas de 0° a 45°, onde o ciclista se encontra exposto a temperatura externa por várias horas. Me impressiono com a quantidade de pensamentos que passam pela cabeça nessas horas de pedal. Dúvidas, certezas, saudades, planos, sonhos, vontade. Horas em que é necessária muita determinação para fazer o pedal virar por 180/200 quilômetros de solidão no asfalto.Um esporte extremo que só pode ser encarado com muito amor e paixão, sentimentos necessários para superar dificuldades mil que devemos atropelar pelo caminho.


sábado, 26 de abril de 2008

Por favor professor!

Por favor professor!
Dê o máximo de si em prol de nosso sucesso.
Mostre-me caminhos para essa vida de incertezas
Eduque para as certezas e para as incertezas, desestabilize-me.

Por favor professor!
Mostre-me que a leitura pode criar possibilidades
Sobrepor barreiras e estimular minha imaginação
Tão deturpada, limitada e conservadora.

Por favor professor!
Faça de sua profissão um dom
Eduque com carinho, sensibilidade e iniciativa.
Pois é disso que eu preciso
Estou perdido nesse mundo de mazelas famigeradas

Por favor professor!
Faça me colocar as mãos no “barro” da vida
Para que eu possa entender a profundidade de nossa condição humana
E perceba que a vida é muito mais do que sofrimento

Por favor professor!
Sente ao meu lado, e pergunte como está o meu dia.
Sou carente desassistido e quero que alguém se preocupe comigo.

Por favor professor!
Pode não parecer, mas venho todos os dias para a escola
Com a esperança de que você me surpreenda e me sensibilize
Posso parecer indiferente
Mas é só o meu jeito de estar nesse mundo.

Obrigado professor!
Pela sua insistência, perseverança e paciência.
Pelas noites mal dormidas, pelas horas de folga perdidas.
Pelo carinho, pela receptividade.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A (in)discplina

Uma das maiores dificuldades da escola é trabalhar a disciplina. Ela pode ser entendida e discutida sob dois aspectos: como organizativa para fornecer o ambiente de estudo e como disciplinadora, para conter a criatividade e a heterogeneidade de idéias.
Enquanto escrevo este artigo os estudantes estão fazendo uma atividade de pesquisa. Trata-se de uma 6ª Série de 36 alunos. A disciplina numa turma numerosa como essa é essencial. Nessa faixa etária eles são muito inseguros, perguntam tudo sempre sobre as mesmas coisas: como fazer? Pode fazer com caneta? Pode usar corretivo? Não entendi professor! O professor Hugo Bohnenberger de Pitangueira estabeleceu uma quota de uma pergunta por aluno. Isso pode conter a curiosidade, mas também evita as perguntas tolas e desnecessárias.
Existem dias em que não conseguimos trabalhar conteúdos, somente tentamos conter a empolgação e a indisciplina dos alunos (nestes dias geralmente vai para chuva). Essas aulas são tão chatas e estressantes e ocorrem principalmente em turmas numerosas. Não entendo como os governantes não reduzem a quantidade de alunos por turma. Isso sim seria investir em educação com qualidade. Com poucos alunos por turma você pode conversar com cada um, saber da suas vidas, das suas deficiências e qualidades.
Como professor tenho muita dificuldade de lidar com alunos indisciplinados, principalmente se eles forem agressivos verbalmente. As vezes “explodo” com algum aluno e logo depois me arrependo de ter utilizado esse vigor enérgico. Com muitas aulas e nunca momento de irritação, você chega ao absurdo de dizer coisas do tipo: “por que você vem para escola, fique em casa!” “Vem na escola somente para comer merenda?” São situações que inibem o processo educativo, mas que são conseqüências da estressante tarefa de ser professor na atualidade. Aliás, xingo muito para alunos indisciplinados porque não tolero essas atitudes em minhas aulas. No entanto, quando saio da sala me sinto muito mal.
Muitos pensadores da educação condenam a disciplina utilizada pela educação no passado. Era uma pedagogia repressora, moralista e disciplinadora. Certamente nessa pedagogia, os alunos eram muitos quietos e seus corpos rígidos. Mas acredito que a criatividade e o espírito inovador e questionador era reprimido. Muitas pessoas reclamam dos efeitos que essa educação teve sobre sua vida: medo, obediência, subordinação, falta de sonhos e perspectivas. A “decoreba” estava muito presente nessa pedagogia, não se falava em consciência. O bom dessa popular “pedagogia da vara” era a disciplina, que consequentemente acarretava num certo conhecimento.
Hoje os estudantes têm mais informações, mas tem mais indisciplina. O ideal seria unir disciplina e aprendizagem. Como fazer isso? Eis a grande questão! Os melhores resultados do ENEM são de escolas que tem a disciplina como ponto central.
Em primeiro lugar, não haverá disciplina na escola se não houver disciplina na família. Os pais são peças chave no processo educacional. Produção e conhecimento somente serão efetivos com disciplina. Mas a criatividade, a espontaneidade e a capacidade de contestar serão facilitadas com certo grau de indisciplina. Galileu Galilei e Nicolau Copérnico foram muitos indisciplinados perante a igreja para defender suas idéias sobre o universo. Espero que os alunos sejam indisciplinados e contestem seus professores que exigem leitura e nada lêem e que exigem escrita e nada escrevem.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Conversa de professor

Já pararam para pensar sobre a insegurança? Como professor efetivo somente 10 horas, fica a constante insegurança sobre o futuro: faço mais uma graduação? Faço mestrado? Faço isso, ou aquilo? O que será de mim no próximo ano? É difícil para os seres humanos conviver com esta situação.

Talvez seja por isso que a grande maioria das pessoas se agarra a coisas pequenas que sejam seguras, ao invés de lutar por algo maior, mas muito inseguro. Acredito que os gênios saem da insegurança e da capacidade de arriscar.

Como é difícil trabalhar com os alunos a insegurança do mundo. Sinceramente, nas escolas educamos quase que unicamente para as certezas: emprego, faculdade, concurso... Os professores não sabem educar para as inseguranças, e os estudantes não querem estudar para as inseguranças.

É por causa das inseguranças que não temos projetos a longo prazo, os estudantes pouco estão preocupados para os próximos dez anos, os professores estão desinteressados com o seu futuro profissional. Preferimos viver na segurança do presente.

É na insegurança que a espécie humana cria alternativas para sobreviver, é aí que a criatividade aflora.