sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Isabel, a mulher que desafiou Deus e todo mundo.

O convívio entre os alunos do Colégio São Vicente misturava alunos leigos com as juvenistas. Isabel convivia maior parte do seu tempo com as colegas juvenistas, com as quais tinha uma relação mais íntima, pois representavam sua família naquele momento. Entre as juvenistas existia uma relação de cumplicidade e solidariedade, pois ambas tinham basicamente as mesmas necessidades. Mas isto não impedia o fato de existirem algumas juvenistas que atuavam como uma espécie de olheiras das freiras coordenadoras do colégio. Estas meninas olheiras prestavam atenção à tudo que acontecia na escola e levavam todas as fofocas para a direção da escola.
Certo dia, estavam reunidos no pátio da escola um grupo de alunos, entre os quais estava Isabel. Os meninos da vila de Itapiranga falavam de uma grande atração que havia acontecido na cidade de Itapiranga, no dia anterior, mais precisamente no dia 13 de Março de 1966. Uma atividade esportiva promovida pela Sociedade Ginástica de Tenente Portela que ocorreu na Sociedade Sete de Setembro e trouxe para Itapiranga uma grande novidade para a época, sendo nada mais e nada menos que uma luta de boxe. O evento causou grande impacto na juventude itapiranguense, principalmente entre a gurizada, que estava eufórica com um tal de ex-campeão dos pesos pesados, mais conhecido como Águia Voadora.
Durante toda a semana a gurizada ensaiava como forma de brincadeira os golpes e movimentos apresentados no evento da Sociedade Sete de Setembro. É evidente que aqueles movimentos que pareciam ser violentos, mas que não passavam de uma brincadeira de garotos entusiasmados chamou a atenção das freiras que logo foram advertidas de possíveis brigas no recreio. Claro que todos os envolvidos foram chamados pela direção que proibiu tais atos no pátio da escola.
Aliás, não se pode pensar que o ambiente do Colégio São Vicente era por demais tranqüilo por se tratar de um colégio de freiras, e não em poucos momentos aconteciam brigas entre a gurizada do interior com os da vila de Itapiranga. Mas estes momentos de violência eram reprimidos severamente pela direção da escola, com castigos que não poucas vezes exigiam a vinda dos pais dos alunos à escola.
Outro motivo que causava muito alarde no ambiente escolar eram os namoricos entre os alunos, e ainda mais grave, se estes namoricos envolvessem as juvenistas. Os tais namoricos aconteciam nos corredores da escola, atrás das portas, na lavanderia, nos fundos da escola, em qualquer que lugar que fugisse ao olhar atento das freiras. Nesse aspecto era efetivo o papel das olheiras, aquelas alunas que deduravam todos aqueles que infringiam às regras disciplinares.
Certa vez Isabel e suas colegas de equipe de trabalho estavam encarregadas de cuidar da limpeza da sacristia da Igreja Matriz. Juntas elas decidiram fazer a tarefa mal feita para que pudessem se divertir no Gremupi. Não demorou para que o delito chegasse até os ouvidos da direção da escola, e o castigo não demorou para chegar: proibidas de freqüentar ambientes sociais, e ficarem enclausuradas na escola por uma semana.

Reunião da diretoria de Sociedade em Popi
Marcada pelo Padre Vigário, está para o dia 27 de Março, uma reunião de todas as diretorias de sociedades da Paróquia São Pedro Canísio. O conclave deverá ter lugar na localidade de Popi, devendo ser tratados assuntos de importância. Segundo afirmações de certos elementos inclusive falar-se-ia na duração dos bailes. Espera-se que dessa reunião resultem medidas que contribuam para o são divertimento da Juventude e dos mais velhos.
Jornal Oeste em Marcha, 26 de Março de 1966.