A eleição de Barack Obama nos Estados Unidos novamente mexeu com as estruturas do mundo. Pessoas de todos os cantos do mundo trocaram horas de sono para acompanhar a apuração em tempo real, o mercado financeiro ficou novamente agitado (e, sejamos francos, quando o mercado fica brabinho é necessário ter preocupação), presidentes do mundo inteiro reiteraram que esperam ter uma boa relação com o novo presidente norte-americano (assim como todo adolescente quer ter uma boa relação com o garoto mais forte da escola). As más línguas já professam por aí que o negro Obama foi eleito graças à quota para negros. E os republicanos conservadores norte-americanos insistem em dizer que Obama é um comunista porque pretende dividir a renda entre a população.
No entanto, é preciso destacar que a eleição do descendente de africanos, mais precisamente de um clã islâmico de uma pequena vila do Quênia, significa muito para a história da humanidade. Sim, porque podemos esperar poucas novidades de Obama em termos de economia. Ou alguém de vocês espera um presidente norte-americano bonzinho, capaz de perdoar as dívidas dos países pobres e amenizar as tarifas alfandegárias? A sociedade americana não vai permitir um presidente assim, e o Obama sabe disso.
O que podemos esperar, talvez seja um retorno de relacionamentos, evidentemente tímidos e graduais, com inimigos históricos como Venezuela, Bolívia, Cuba e Irã. Política do presidente bonzinho, estilo Lula.
No entanto, precisamos estar atentos para o momento histórico que estamos atravessando. Jamais um negro chegou a ser presidente dos Estados Unidos. Assim como tivemos novidades quando um índio assumiu a presidência da Bolívia e um operário assumiu a presidência do Brasil. Está a humanidade a empreender novos valores? Será que enfim o proletariado e as massas oprimidas estarão chegando ao poder, como previu Marx?
Creio que não!
Mas o que o governo de Obama sinaliza executar em seu governo, é construir uma imagem diferente do país norte-americano. Talvez seu maior plano de governo seja tirar a bandeira dos Estados Unidos das centenas manifestações ecológicas ou econômicas que ocorrem ao redor do mundo, e evitar que ela seja queimada por sindicalistas, ambientalistas e profetas da paz.
Vejam bem, os Estados Unidos foram responsáveis por inaugurar uma nova forma de fazer guerra no século XX. Foram o único país a utilizar a bomba atômica contra civis e impor restrições taxativas sobre países que não se alinharam com a sua política. Enquanto que outras nações foram julgadas e receberam as punições, como a Alemanha e o Japão, os Estados neste século XX foram os julgadores, os donos da razão. Teria chegado o momento da nação norte-americana tomar a mesma atitude do Papa João Paulo II? Pedir perdão pelos erros do passado? Teria chegado o momento de os Estados Unidos deixarem de ser os julgadores para se tornarem os réus?
Por que não consigo acreditar que Obama vai trazer mudanças? Talvez porque sou apenas mais um rapaz latino-americano, mais um leitor do livro negro do capitalismo, mais um que cresceu ouvindo críticas á dívida externa, mais um que cresceu vendo a bandeira norte-americana ser queimada nos quatro cantos do mundo. Talvez caiba aqui o ditado popular: quer conhecer um homem? Dê a ele poder. E Obama a partir de hoje, passa a ser um dos homens mais poderosos do mundo.
Espero sinceramente que esse presidente negro, seja como aquele outro negro, aquele que disse que tinha um sonho, um sonho de ver seus filhos serem julgados pela sua personalidade e não pela sua cor. O fenômeno Obama está sendo comparado a duas personalidades da história norte-americana: John Kennedy e Martin Luther King. Espero que as coincidências da história não sejam reais, pois os dois antecessores foram assassinados por fanáticos.
Assim como me sinto orgulhoso de ver os amigos norte-americanos elegerem um negro, espero que nós brasileiros sejamos capazes de no futuro eleger uma mulher, um negro, um caboclo, um índio.
Um comentário:
Muito bom teu texto.
Quanto a política externa o novo presidente, Barack Obama, vai suavilizar o que os republicanos radicalizaram. No que se refere ao conflito Hamas e governo de Israel ele vai apoiar, pois não vai querer assumir o cargo em meio a uma crise, que parece ser longa, no Oriente Médio.
sds,
Tyrone
Professor
http://tyronemello.blogspot.com
Postar um comentário