Reportagem da Revista Época causou alvoroço entre os professores. Tratava-se de uma reportagem sobre o pagamento do magistério com base na produtividade do aluno. Fiquei em dúvida se a reportagem causou alvoroço porque alguns professores estavam preocupados em não receber salário, ou até mesmo ficar devendo, ou se a indignação foi pela proposta ser uma injustiça.
A reportagem é feita com base no projeto implantado no Estado de São Paulo, que propõem que os professores recebam um bônus pelo bom rendimento dos alunos em exames como o Prova Brasil ou ENEM.
Certamente é uma proposta muito complicada. Como avaliar o trabalho de um professor através da produtividade de um aluno? E se aquele aluno não está nem preocupado em produzir? E pior, se aquele aluno nem se interessa em prestar algum exame? Vendo a realidade das escolas, há uma grande parcela dos alunos que não tem preocupação com exames, com universidade, com emprego ou com conhecimento.
Mas, pensando bem, será que essa proposta não iria trazer mais qualidade para o magistério? Porque acredito que a educação precisa necessariamente de um princípio da iniciativa privada: não produziu, não leu, não escreveu? Rua! Você não serve para a educação, não tem compromisso com a nossa empresa (escola), então vá fazer outra coisa.
Mas é importante destacar quem serão as partes capacitadas a avaliar se o professor é bom ou ruim. Deixar isso simplesmente para os alunos, é muita ingenuidade.
Novamente o Estado de Santa Catarina é destaque em provas nacionais que avaliam conceitualmente a educação. Desta vez o Estado foi destaque no Prova Brasil realizado em 2007. Mas há algo que me deixa intrigado: o que faz com que o Estado tenha bons desempenhos? Será que Santa Catarina tem uma educação de qualidade, ou será que os outros estados possuem uma educação de qualidade inferior à nossa? Bem, vejamos por partes.
O salário dos professores é um dos mais defasados do Brasil. Estados brasileiros que têm um dos melhores salários pagos aos professores, não tem desempenho tão bom quanto o nosso.
A quantidade de alunos por turma não deve ser a explicação, porque há salas super-lotadas, o que limita a qualidade no ensino.
A estrutura das escolas não é comparável aos padrões europeus ou japoneses, mas em relação a outras regiões as escolas catarinenses possuem uma estrutura razoável.
As bibliotecas são “velhas” e desatualizadas. Há de se registrar nos últimos meses, houve uma renovação no acervo, mas deixamos muito a desejar.
Temos laboratórios limitados, senão, em grande maioria, inexistentes.
Temos estudantes muito bons. Mas temos estudantes muito ruins, catastróficos. Alguns deles, não conseguem produzir um texto coerente, nem leram um livro nos últimos meses.
Temos professores muito bons, mas também temos professores muito ruins, catastróficos. Alguns deles, não conseguem produzir um texto coerente, nem leram um livro nos últimos meses.
Pergunto: o que faz Santa Catarina ter uma educação de qualidade? Certamente cada professor, dentro da realidade de sua escola, saberá responder a essa pergunta.
Um comentário:
olá !
Li o seu texto tenho e tenho uma dúvida, o que é um aluno/professor produtivo? Eles afinal produzem o quê?
Um não deve ser responsabilizado pelas escolhas do outro. Avaliar o professor pode até dar bons resultados mas essa avaliação não deve ser de responsabilidade do aluno.
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