segunda-feira, 21 de julho de 2008

Conversa de professor

Matéria da Revista Época, de 14 de Julho de 2008, ressalta que em alguns casos brasileiros, os pais preferem colocar seus filhos em escolas públicas ao invés de privadas. Não pela falta de condições financeiras, mas por opção.

Isso me deixa muito feliz, porque nas últimas décadas o que se viu foi o sucateamento do ensino público e a proliferação das escolas privadas.

Chamou a atenção o depoimento de uma mãe que dizia: “A escola pública de qualidade só vai existir quando a classe média apostar nela.” Pensei então, porque será que o pessoal da classe média estuda em colégio particular? Seria pela qualidade no ensino ou pelo status que ela fornece?

Certamente resultados do ENEM mostram melhor desempenho das particulares em relação às públicas. Mas o enfoque das particulares são esses exames. Mas eu acredito que elas não são capazes de fornecer uma vivência e diversidade que a pública oferece.

Será que a particular prepara para o vestibular e a pública prepara para a vida? “Não gosto dessa história de preparar minha filha para o vestibular. Adestrando você não dá autonomia. Quero que minhas filhas saibam resolver seus conflitos”, dizia uma mãe na reportagem da revista.

Eu estudei em escola pública, e daquela escola de Cristo Rei, vários cursaram ensino superior e hoje são destaques no mundo afora, tendo alguns alcançado inclusive o título de Doutor.

A escola pública tem a capacidade de educar através da vivência para a solidariedade, a diversidade e a desigualdade, coisa que as particulares têm dificuldades de oferecer, pois sua clientela pertence a mesma classe social, tem praticamente os mesmo gostos, os mesmos celulares, as mesmas roupas... “O menino que cresce fechado no universo da escola particular, não tem contato com a diversidade”, ressalta um entrevistado da Revista Época.

Aliás, se o pessoal da classe média fosse estudar em escola pública poderia investir o dinheiro da mensalidade em viagens e livros, o que traria um conhecimento excepcional.

A meu ver, no Brasil há uma inversão: professor pega licença saúde na escoa pública e continua trabalhando na particular; adolescentes iludem-se por estudar numa particular e acreditam que somente isso garante o status e “elite intelectual”. Grande engano.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Ilha das flores

Na época em que estudava na 8ª Série um professor de História passou esse curta-metragem para a gente. Esse filme marcou tanta a minha vida de estudante que quero compartilhá-lo com vcs.
http://www.youtube.com/watch?v=qgrjIg9a0qw

sexta-feira, 11 de julho de 2008

HOJE... FUI PROFESSOR

Hoje perdi o controle um milhão de vezes
Briguei com o Paulo, humilhei o Alfredo, perdi a paciência com a Joana.
Hoje percebi que ser professor é se contentar com pequenas coisas.
Que apesar de ter tido uma manhã maravilhosa, aquela última aula naquela turma estragou o meu dia.
Hoje já me questionei inúmeras vezes: por que estou aqui?
Todo este meu esforço direcionado para uma causa que não tenho certeza se trará resultados.
Hoje cheguei a pensar que ser professor não vale a pena, porque o mundo não dá bola para o que eu penso.
Mas, no entanto, tenho certeza de que terei repensado tudo de novo e que há um motivo pelo qual valha a pena dizer: eu sou professor.
Ser professor é manter aquela chama sempre acesa.
Hoje, de novo, aquele aluno precisava de mim.
Hoje, de novo, fingi ter preparado aula, que foi uma desgraça e para tirar minha parcela de culpa, condenei os alunos pela bagunça.
Hoje um aluno me disse obrigado com um olhar, outro com um sorriso e mais um com um gesto.
Hoje toda a minha dedicação despencou perante a inveja e insensibilidade de um professor.
Hoje, de novo, me decepcionei com o magistério.
Hoje, de novo, o magistério me deu um sentido para viver e acreditar nesse sonho chamado educação.
Hoje, foi mais um daqueles dias em que enfrentei a difícil e estimulante rotina de ser professor.