sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Questão de prova de História

Nos exames finais deste ano procurei adotar uma nova tática. Elaborei um enunciado para uma questão que buscava incentivar o estudante argumentar sobre seus posicionamentos. Percebi que nós professores sempre quando pedimos a opinião do aluno, o induzimos a dizer "sim, concordo". Acredito que também devemos incitá-lo a dizer "Não concordo" e fazê-lo dizer por que não concorda. Então, no enunciado satirizei a questão da mulher camponesa, dizendo que as mulheres sempre tiveram participação na história, não sendo submissa aos homens. Os estudantes que não concordam com isso - principalmente as meninas - tiveram que se defender. Foiu muito legal.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Bolha de sabão na escola

Na educação básica a escola cria alguns alunos dentro de uma bolha de sabão. Isso porque o aluno sempre tem mais uma chance, sempre pode fazer o trabalho novamente, é mimado por grande parte dos professores, possui poucas responsabilidades, o sistema de aprovação o protege. Quando termina o Ensino Médio e sai da escola, essa bolha de sabão estoura: o patrão não dá segunda chance, não tem dinheiro para fazer faculdade, nem mesmo consegue um emprego. Aí ele se sente desprotegido e despreparado. E porque foi criado numa bolha de sabão, não tem criatividade para inovar, não tem iniciativa, não tem responsabilidade, não tem comprometimento.

CONSIDERAÇÕES

Para quem trabalha num ambiente escolar esse momento é um período de despedidas. Há estudantes formandos que deixarão saudades, outros nem tanto. Mas o interessante é o fato de que você, como professor, passa fazer parte da história desses sujeitos. Alguns você nunca mais verá em sua vida, outros de alguma forma nos encontrarão pelas encruzilhadas da vida. Outros até mesmo serão nossos colegas de trabalho.

Numa turma, dentre as várias pelas quais os professores transitam, pedi aos estudantes que fizessem um projeto para o ano de 2008. Uma aluna me impressionou: “Se Deus quiser no próximo ano estarei na 8ªSérie.” Ora, isso reflete a realidade de grande parte de nossos estudantes: total falta de auto-estima e potencial de iniciativa para conquistar com seu próprio suor as vitórias de sua vida.

Aliás, sejamos sinceros, a educação básica é vista muito mais como um momento de passagem obrigatória, para um almejado estágio posterior, tal como o trabalho, a faculdade, o casamento. Triste realidade. Por isso para muitos estudantes a educação básica é vista como uma tortura necessária. Numa 8ª Série há um aluno que diz de boca cheia que a escola que freqüenta é muito fraca, orgulhando-se de no próximo ano freqüentar o Colégio Agrícola. Sinceramente, seu conhecimento e dedicação ao estudo não o permitem terminar o Ensino Fundamental, e se nós professores o reprovarmos, seremos taxados de culpados por atrapalhar seu futuro profissional.